Com o tempo ...

Vai passar, tudo isso vai passar e vai se acabar. Não amanhã, mas em uma semana, um mês ou dois, um ano quem sabe? O verão se aproxima e haverá sol todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada de "impulso vital". E esse impulso às veses cruel, não permite que essa dor insista por muito tempo. Ele te impurrará para o sol, para um novo lugar e quem sabe nesse lugar ou entre algum movimento,te surprenderás pensando algo como "estou feliz novamente" ou simplesmente "continuo". E substituímos expressões como "não irei aguentar" por outras mais manssas, como "eu sei que vai passar". Esse é o modo mais eficiente e cômodo, porque não implica em decisões, apenas de nossa paciência.
No começo, não irá conseguir dormir, fumará muito, irá encher a cara e talvez até tomar alguns comprimidos para disfarçar a dor, ou por achar que está ficando louco. E assim que acordar, olharás a sua volta e irá achar tudo chato e pacato. Passarás dias fazendo coisas como rever fotos antigas, como se não houvesse mais nada a fazer. E ficarás caminhando pela casa de um cômodo para o outro, na esperança que o tempo passe o mais rápido possível. Contarás nos dedos quantos dias faltam para acabar o mês ou o ano. Pois fingirás acreditar que no ano seguinte tudo será diferente, embora saiba que há perdas irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho.O tempo passou e tão longe ele ficou, e pensarás no tempo, naquele e sentirá uma vontade de tomar atitudes como voltar à casa onde passou sua infância, de conversar com uma velha amiga e ligar para um número qualquer. E assim, com o passar do tempo perceberás que aquela dor não existe mais e que ficou no passado, pois tudo passa ... passou.

( adaptação do texto "vai passar" de Caio F. de Abreu)

                                                                             Karol Ribeiro

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