Algumas canções;




Costumo pensar que uma música tem cerca de trinta segundos para captar a atenção dos meus ouvidos. é, normalmente, o tempo que a gente se permite escutar algo totalmente novo, antes de se entediar, passando para a próxima canção. É costumeiro eu ir passando um disco inteiro, ouvindo os primeiros segundos de cada música, até achar uma que me encante, mas que me encante rápido. Imediatismo ? AHAM.
Havia canções cujos refrões me cansavam. Refrões que eu não quero e não vou repetir. É que, certas vezes, a outra parte não percebe o quão prejudicial para a alma é ser lembrado a cada minuto dos nossos defeitos. São refrões que eu prometi para mim mesmo, não mais cantar. “E desde quando você acha que pode saber mais de mim do que eu?” – é o que tenho cantado. Próxima faixa.
Tenho ouvido introduções marcantes. Mas as pontes, os pré-refrões, de tão empolgantes, têm gerado apenas frustração, pois invariavelmente tenho me deparado com refrões difíceis/incompreensíveis. Versos demais, rimas demais, notas difíceis de se alcançar, muitas delas feitas para não serem alcançadas. Se tu esperares demais do mundo, das pessoas ao teu redor, podes ter uma única certeza: a decepção, implacável e impetuosa. “Coração vazio não bombeia sangue”. Eu quero assoviar uma melodia que me lembre alguém, mas eu não sei nem assoviar. Próxima. Próxima. Next!Tá.
Um dia desses, eis que me invade os fones uma melodia nova. Eu jamais poderia dizer o próximo acorde que viria, pois tudo se desdobrava nos mais intrincados trechos, novas partes, em andamentos diferentes, mudando a cada maldito compasso. Em versão resumida: não consegui te decorar, não sei te tocar, e me pergunto algumas vezes por dia quando é que vou ouvir novamente, essa canção.
A música estava no ar o tempo todo, eu é que estava usando fones.
Passei o tempo todo despejando notas na tua melodia. Deixa que eu canto. Gostei de ti assim, instrumental.

(créditos: Lucas Silveira)

                                                                   Karol Ribeiro 

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