"sem sofrimento, não há romance."
Seria uma noite irrelevante, sexta-feira daquelas em que saímos para encher a cara e, se tivermos sorte, encontraremos algum homem com a qual não acordaremos no dia seguinte. Seria, assim mesmo, nessa conjugação verbal. O roteiro da noite mudou exatamente enquanto eu estava naquela mesa de bar e a reta do meu olhar se encontrou com a reta do olhar dele.Infinito, desde então. Paquera, flerte, ou como quiser chamar, só sei que após um quarto de hora já estavaos próximos e quase íntimos.
Daí em diante fomos vendaval.Eu tinha certeza que entre nós já havia mais do que a famosa química. Éramos, química, física, geografia e qualquer outra matéria que pudesse ser dita. Éramos sol e lua, frio e quente, amargo e doce. Ele havia chegado e, em pouquíssimo tempo, já havia roubado de mim algo além do desejo. Ladrão sem vergonha que fazia o meu estômago dar voltas e eu me sentir uma babaca apaixonada com apenas uma madrugada febril. Fiz dele o meu país estrangeiro e ele fez de mim o que bem quis. Eu sabia, sabia que estava prestes a agir como uma qualquer, mas sim, eu pretendia tê-lo mais de uma vez e, quem sabe por longos anos.
Fiquei louca, insana e ele sorria para mim, fazendo charminho com aqueles lindos olhos negros. Um impacto silencioso e então unilateral. Depois de muita brincadeira, eu dormi em seu peito e eu respirei, adormeci. Sonhei mais insanidades, talvez um reflexo de carência ou desejo de realidade. Foi real, era real.
Dia seguinte, manhã de sábado e cama vazia.Meu estranho amor havia escoado pelo ralo,foi levado embora por ele, o ladrão que amei por uma madrugada. Acreditei que havia despertado algo nele, um pouco do que ele havia despertado em mim. Levantei e no espelho havia colocado um papel que dizia:
"Te faço sofrer com a agonia da espera,mas sofrimento é tempero do romance. O amor é triste e a paixão há de ser como a noite: eterna. Se quiseres a eternidade comigo, assim como quero contigo me procura. Um beijo, Pedro 35554789."
Em seguida, tudo que ouvi foi sua voz dizendo oi e a eternidade apenas começando.
(Texto original de Luciana Brito )
Karol Ribeiro
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