Era uma menina forte;


Você me enganaou?
- Não, me apaixonei.
- Você me amou?
- Não, me apaixonei.
Tudo estava indo bem – você sabia que não estava, mas gostava de fingir que sim – ele sorria, te abraçava e às vezes ficava em silêncio. Esse silêncio te incomodava, mas era algo que você facilmente esquecia, nesse momento seria mais fácil se ela não tivesse suspirado tão forte, e deixado escapa tanta tristeza. Aquilo deixou tudo em evidência, ele percebeu. Era o fim dos dois, e o começo dela. Dessa vez, a cinderela ficaria além da meia noite – muito além. O último abraço foi tão difícil quanto o primeiro; ela o abraçou - abraçou como uma pedra de gelo, e foi escorregando pelo seu corpo sem que ela conseguisse segurar, fazendo escorrer tristeza do seu coração e sair fumaça do seu estômago. Maldita pedra de gelo. Derreteu. Acabou. Ela nunca mais ia sentir aquele perfume tão de perto parecia tão amedrontador quando senti-lo para sempre. Ela arriscou.Enquanto ela o deixava para trás, sentia o assopro da liberdade. Aquele vento que ao mesmo tempo a fazia protagonista de um filme americano qualquer, a fazia tremer  de frio – era medo - desesperadamente. Era uma extrema vontade de voar céu acima,com um medo de cair no chão inferno abaixo.Seja como for, já estava feito. Ela sobreviveria a falta de oxigênio e ao calor, ela era forte. Uma garota em busca da felicidade. Ela saiu da casa dele como um olhar de esperança  para um novo começo, sim estava com a maquiagem borrada, e um pouco desorientada e atravessar a rua nunca foi tão difícil.  Eu diria que naquele momento, ela era uma placa de transito, daquelas que todos os motoristas são obrigadas a olhar: Não vire, não ande rápido, não bata. Ela tinha acabado de cometer um acidente, e ao mesmo de salvar uma vida. A sua. Depois de ver centenas de carros passar, decidiu que mudaria o rumo de sua vida naquele exato momento. Queria conhecer e não se apaixonar pelo primeiro cara que visse – Alguém aí quer dar uma carona para uma pobre donzela ferida (ou seria um donzela malvada e sem coração?). O destino estava literalmente em suas mãos. Aquele sinal, ou quem o visse, mudaria toda a sua vida. Eu diria que era impossível não se enxergar aquelas mãos brancas e  aquele esmalte rosa pink meio descascado – existe algum sinal de ansiedade maior que esmaltes descascados? acho que não – que ela pintara no dia anterior. Depois de alguns instantes, um carro foi parando e se aproximando devagar – o destino vinha lentamente, como se ela não percebesse o que estava deixando para trás, não era um namorado e sim um colega, os dois nunca se amaram de verdade, e no carro, ela olhou para fora e deu adeus, a tudo e todos, a brisa tocava seus cabelos loiros, ela fechava os olhos e imaginava a cena de tudo o que tinha acontecido em minutos antes, com o seu coração acelerado, e com a cabeça desorientada, deixou escapar lágrimas de um novo encanto, de um novo horizonte se abrindo. E no carro de um desconhecido ela continuou, porque foi ele que proporcionou a busca do sol e da brisa para ela, ela so tinha a agradecer  a nova liberdade ganhada naquele exato momento.
                                                               Ana Souza.

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